A moeda norte-americana caiu 0,45%, cotada a R$ 4,9151. Já o principal índice de ações da bolsa de valores brasileira encerrou em alta de 0,57%, aos 128.481 pontos. Dólar opera em alta
Karolina Grabowska
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em alta nesta quinta-feira (1°), após passar boa parte do pregão oscilando entre altas e baixas. O dólar, por sua vez, encerrou em queda.
Investidores continuaram a repercutir as decisões de juros anunciadas na véspera tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e seguiram atentos a notícias sobre o setor bancário norte-americano.
O anúncio de que o Grupo Soma e a Arezzo estão em tratativas para uma eventual fusão das bases acionárias das duas companhias, também ficou no radar.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, o dólar recou 0,45%, cotado a R$ 4,9151. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
alta de 0,09% na semana;
queda de 0,45% no mês;
e ganho de 1,29% no ano.
No dia anterior, a moeda norte-americana caiu 0,16%, vendida a R$ 4,9373.
Ibovespa
Já o Ibovespa fechou em alta de 0,57%, aos 128.481 pontos.
As ações do Grupo Soma e da Arezzo, por sua vez, não conseguiram sustentar o sinal positivo do começo do dia e fecharam com perdas de 2,02% e 0,40%, respectivamente. Investidores repercutiram a notícia divulgada na véspera, sobre a negociação de uma possível fusão das bases acionárias das duas companhias.
Segundo comunicados das empresas, Alexandre Birman, presidente da Arezzo, seria o presidente da companhia combinada no caso de um acordo definitivo. Já o presidente do Grupo Soma, Roberto Jatahy, continuaria no comando das marcas sob gestão do grupo (como Hering e Farm).
Entre os destaques, empresas de consumo doméstico lideraram as maiores altas da sessão, beneficiadas pelo cenário de juros mais baixo. Nos maiores ganhos estiveram as ações do Grupo Pão de Açúcar (6,91%), seguidas por CVC (5,15%) e Carrefour (3,36%).
Os papéis da Petrobras também figuraram entre os maiores avanços do Ibovespa, acompanhando a valorização do petróleo no mercado interancional.
Com o resultado, acumulou:
recuo de 0,38% na semana;
alta de 0,57% no mês;
e queda de 4,25% no ano.
Na véspera, o índice subiu 0,28%, aos 127.752 pontos.
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O que está mexendo com os mercados?
As decisões de juros do Copom e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) continuaram sob os holofotes nesta quinta-feira.
Ontem, o Fed decidiu mais uma vez manter os juros norte-americanos na faixa de 5,25% e 5,50%, ao ano. Esse continua sendo o maior nível das taxas desde 2001. A decisão já era esperada pelo mercado.
No entanto, as falas de Jerome Powell depois da reunião ficaram com o destaque. O presidente do Fed disse que a instituição não trabalha com o cenário de corte de juros em março, reafirmando que isso é improvável.
"Essa acabou por ser a frase fundamental do seu comunicado e o mercado reagiu a esse comentário, com as probabilidades de cortes em março passando de mais de 50% para cerca de 35%", pontua José Maria Silva, coordenador de Alocação e Inteligência da Avenue.
Apesar de afastar as expectativas de que o ciclo de cortes comece em breve, o Fed adotou um tom mais neutro no comunicado da reunião, com destaque para a remoção da frase, que estava em comunicados anteriores, que menciona a possibilidade da instituição promover novos aumentos de juros como forma de trazer a inflação anual dos Estados Unidos a 2%, explica Silva.
Em 2023, a inflação norte-americana encerrou o ano com alta de 3,4%, um pouco acima do esperado. Agora, o mercado espera que a primeira redução nas taxas do Fed aconteça em maio.
Juros ainda elevados preocupam o mercado porque encarecem os processos de tomada de crédito para pessoas e empresas, o que pode reduzir o consumo e elevar a inadimplência. Neste cenário, o maior receio é que os Estados Unidos passem por uma recessão econômica em 2024.
Ainda no exterior, o mercado seguiu atento às notícias sobre o sistema bancário norte-americano e na agenda de indicadores.
Na véspera, o New York Community Bank (NYCB), que comprou parte do Signature Bank em um acordo de US$ 2,7 bilhões no ano passado, quando a instituição marcou a terceira maior falência da história dos EUA, reportou um resultado abaixo das estimativas do mercado.
O cenário, segundo especialistas, voltou a levantar preocupações com os bancos regionais do país. As ações do NYCB recuaram mais de 11% nesta quinta-feira.
Já entre os indicadores, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou que o setor manufatureiro dos Estados Unidos se estabilizou em janeir,o em meio a uma recuperação no volume de novos pedidos, mas a inflação no portão das fábricas aumentou.
O Departamento do Trabalho norte-americano, por sua vez, disse que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 9 mil, para 224 mil na semana encerrada em 27 de janeiro, acima do previsto. Os economistas haviam previsto 212 mil pedidos para a última semana.
Segundo o diretor de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio, Diego Costa, o resultado fez com que o dólar e os treasuries (títulos do Tesouro dos EUA) recuassem globalmente.
"O resultado acima das expectativas diminui as preocupações com o aquecimento do mercado de trabalho, elevando as expectativas para o aguardado Payroll de amanhã", afirma.
Já por aqui, o Copom reduziu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 11,25% ao ano, ao menor patamar em dois anos, dentro do que era esperado. O Comitê sinalizou também que trabalha com um cenário de reduções de mesma magnitude em suas próximas reuniões.
Para Ricardo Martins, economista-chefe da Planner Investimentos, porém, o Copom já tem espaço para promover cortes maiores para os juros brasileiros.
"Inflação em queda e convergindo para a meta, associada à evidente desaceleração da economia, que cresceu em torno de 3% por conta do carrego estatístico do primeiro trimestre de 2023 e iniciou no segundo trimestre a caminhada para uma retração no começo de 2024, são fatores nítidos", comenta Martin.