Moeda norte-americana teve alta de 1,08%, cotado a R$ 4,9683. Já o principal índice de ações da bolsa de valores brasileira encerrou em queda de 1,01%, aos 127.182 pontos. Dólar opera em alta
Karolina Grabowska
O mercado inverteu o sinal e passou a piorar nesta sexta-feira (2), após a divulgação de dados de emprego nos Estados Unidos. O dólar fechou em alta, enquanto o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, a B3, teve queda.
O relatório payroll mostrou que os EUA criaram 353 mil vagas de emprego em janeiro, acima das expectativas de analistas, que estimavam 180 mil novos postos de trabalho.
No Brasil, números da produção industrial divulgados pela manhã também vieram maiores do que o esperado, com alta de 1,1% em dezembro frente ao mês anterior.
Além dos anúncios, os investidores seguem repercutindo as decisões da última quarta-feira (31) sobre os juros no Brasil e nos EUA.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Dólar
O dólar fechou o dia em alta de 1,08%, cotado a R$ 4,9683. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
alta de 1,18% na semana;
ganho de 0,63% no mês;
e alta de 2,39% no ano.
Ontem, a moeda norte-americana recou 0,45%, cotada a R$ 4,9151.
Ibovespa
O Ibovespa teve queda de 1,01%, aos 127.182 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 1,38% na semana;
recuo de 0,45% no mês;
e queda de 5,22% no ano.
A Vale e a Petrobras, empresas com maior peso no índice, recuaram 2,03% e 1,30%, respectivamente. No caso da petroleira, o resultado negativo vem após a empresa alcançar, na quinta-feira, seu maior valor de mercado nominal na história, chegando a R$ 552 bilhões.
Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,57%, aos 128.481 pontos.
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O que está mexendo com os mercados?
A principal expectativa desta sexta-feira (2) era pelo relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, referente a janeiro.
O documento mostrou que o país criou 353 mil vagas de emprego no primeiro mês do ano — acima das projeções de economistas consultados pela Reuters, que estimavam 180 mil novas vagas. A taxa de desemprego ficou em 3,7%, ante previsão de 3,8%.
O mercado monitora a força do mercado de trabalho dos EUA para alinhar expectativas sobre o rumo dos juros norte-americanos. Essa é uma referência importante para o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) nas decisões sobre a política monetária.
Na prática, um mercado aquecido gera mais vagas de emprego, mais contratações e aumentos salariais — o que tende a injetar mais dinheiro na economia e, assim, pressionar a inflação.
Na quarta-feira, o Fed decidiu mais uma vez manter os juros do país na faixa de 5,25% e 5,50%, ao ano. No entanto, as falas de Jerome Powell depois da reunião ficaram com o destaque.
O presidente do Fed disse que a instituição não trabalha com o cenário de corte de juros em março, reafirmando que isso é improvável. Juros ainda elevados preocupam o mercado porque encarecem os processos de tomada de crédito para pessoas e empresas, o que pode reduzir o consumo e elevar a inadimplência.
"O mercado de trabalho aquecido, a inflação subjacente persistente e a comunicação recente do presidente do Fed (…) corroboram nossa visão de que o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos deve começar no terceiro trimestre deste ano", analisa a economista Claudia Rodrigues, do C6 Bank.
"No entanto, reconhecemos que existem chances de um corte no segundo trimestre caso o núcleo da inflação, medido pelo PCE, surpreenda nas próximas divulgações e venha abaixo do esperado", continua.
Ainda no exterior, o mercado segue atento às notícias sobre o sistema bancário norte-americano e na agenda de indicadores.
Na quarta-feira, o New York Community Bank (NYCB), que comprou parte do Signature Bank em um acordo de US$ 2,7 bilhões no ano passado, quando a instituição marcou a terceira maior falência da história dos EUA, reportou um resultado abaixo das estimativas do mercado.
O cenário, segundo especialistas, voltou a levantar preocupações com os bancos regionais do país. As ações do NYCB recuaram mais de 11% na quinta-feira.
Já no Brasil, na quarta-feira, o Copom reduziu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 11,25% ao ano, ao menor patamar em dois anos, dentro do que era esperado. O Comitê sinalizou também que trabalha com um cenário de reduções de mesma magnitude em suas próximas reuniões.
Ainda na agenda doméstica, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta sexta-feira que a produção industrial brasileira subiu 1,1% em dezembro na comparação com o mês anterior. O resultado veio acima das expectativas. Em relação a dezembro de 2022, a produção subiu 1,0%.
Enquanto isso, no ano, o avanço foi de 0,2%, após queda de 0,7% em 2022. Com o resultado, a produção industrial está 0,7% acima do patamar pré-pandemia (na comparação do resultado atual com fevereiro de 2020), de acordo coma Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).